sábado, 25 de outubro de 2014

ODISSEIA


O rapaz, aflito, na sofreguidão da juventude, interpelava um velho sábio, amigo do avô que, agregado em sua família, era tido em conta de conselheiro.  Tinha fama de "saber das coisas":
- E se eu fosse a todas as festas que me convidassem. E se eu promovesse festas todo fim de semana aqui em casa?
- Tanto faz.
- E se eu fosse para a China, para a França, para Amisterdã?
- Que seja...
- Quem sabe se eu colocar um anúncio no jornal? Ou pela Internet, num site de relacionamento, as minhas chances aumentem...
- Não digo nem  que sim, nem que não.

- Afinal de contas, qual é a melhor forma da gente encontrar um grande amor?

- Não procurando. Um dia, talvez numa festa, ou até num consultório médico, sem data marcada, sem propósito, numa quarta-feira chuvosa, cinza, modorrenta, talvez, mesmo já sendo conhecidos há tempos, vocês se reconhecerão...

- É? E então?
- Começará sua Odisseia. Viva sua vida. Não tenha pressa, jovem Ulisses.

Do outro lado da rua, do bairro, da cidade, do mundo tem sempre uma Penélope que espera...que espera...espera...

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