sábado, 25 de outubro de 2014

ANA

Terna, meiga, simples. E bela, embora não se acreditasse. Tinha sempre uns enfeites miúdo nos cabelos,  que lhe davam um ar romântico. Perdeu a família muito cedo. A mãe, o pai, os irmãos. Todos se foram numa mesma tragédia, para resguardá-la de chorá-los um por vez. Foi criada por uma tia; velha, já. Para se distrair da tristeza lia e pintava. Os livros de Jane Austen e suas tintas, eram sua compahia. Ela enfrentava isso tudo e tinha medo de trovões. E de outras coisas bem menos apavorantes que a solidão. Mas, um dia, encontrou uma amiga que às vezes lhe dava uma luz. Corria para ela,  quando queria conselhos para se encontrar. Ou se perder.
- Não sei o que fazer...
- A maioria das pessoas também não sabe, Ana. Ninguém é tão seguro quanto parece.
- E se pintar um clima?
- Vocês se beijam.
- E se ele não me beijar ?
- Você vai e beija ele.
- Mas e se ele não me achar bonita? Se ele me achar muito atirada, hein Lídia?
- Deixe de ser besta. – era o que Lídia respondia sempre,  franzindo muito as sobrancelhas.

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