sábado, 25 de outubro de 2014

COTIDIANO

           Quando o silêncio entre dois fica estrondoso e, no ecoar de antigas rezingas, qualquer palavra fere, é preciso recorrer às banalidades:

           - Você sabia que o Mauro separou da mulher?

           - É mesmo? - responde a esposa sem o encarar , enquanto enxuga a louça.

           - Dizem que está saindo com a filha do Nelson...

           -Aquela do cabelo vermelho, que foi na formatura da Ana?...Logo vi... - ela pergunta mais curiosa enquanto seca um prato e empilha-o na prateleira

           - Não, é outra, a mais novinha, aquela que quase não sai de casa, retruca o marido enquanto guarda os talheres
           - Nossa,  quem diria hein! Ela parecia ser tão sossegada.
           - Pois é.

        E assim, a vida de uns, vai servindo ao menos para preencher o vazio incomensurável da vida de outros...

Nenhum comentário:

Postar um comentário